sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Uma questão


A memória é algo que se tem ou algo que se perde????

No meu caso, e não é com alegria que o afirmo, diria que é algo que se perde!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Rita Salomé
Apesar de sentir a minha cabeça "recheada" de post-its, ainda há tanta coisa que me lembro!!! são coisas já passadas ( mau sinal!!! revela a idade que eu tenho!!!) mas que tenho imens a vontade em partilhar com todos aqueles que me vêm visitar aqui de vez em quando. Prometo que vou escrever o que tenho dentro do meu cérebro...
A ARCA DE NOÉ (recolha do Ferederico Mira George)
E Noé convidou todos os animais a entrarem na arca. Era preciso entrarem aos pares, um macho e uma férmea para que mais tarde procriassem e aquele género de animal não desaparecesse para sempre. Estavam todos emparelhados para não se tresmalharem. Macho com fémea, fémea com macho. Era assim e foi assim nos tempos primordiais, nos tempos em que a ciência não estava descoberta nem tinham ainda inventado as barrigas de aluguer, nem a inseminação artificial, nem a procriação "in vitro". E assim, a arca se foi enchendo, enchendo até não caber mais nenhum animal.
Hoje, a Arca teria que ser muito, mas muito maior, porque para além dos animais que continuam a ser os mesmos, temos homens e mulheres de todas as raçãs, de cores diferentes. A cor do seu sangue é que continua igual, igual para todos, vermelho, bem vermelho, muito vermelho...pulsando com todo o amor que existe na humanidade
O monte do avô Perninhas
O monte estava já bastante em derrocada. Há muito que o avô tinha partido (1968) e por isso ninguém se interessou mais pelo monte. A casa onde vivia o caseiro estava toda destruída, as vigas do tecto tinham cedido à força do tempo e dos temporais e estavam todas caíadas dentro da pequena casa. A chaminé também não tinha aguentado os rigores do inverno e tomabara para dentro da casa. Impossivel entrar ali. Não havia nada lá dentro, a não ser os barrotes, os tijolos, as telhas...Nada estava lá dentro. Vazia e destruída como todos nós nos sentíamos. Sempre me angustiaram as casas destruídas, caídas e abandonadas. Parece que as casas morrem primeiro para nos avisarem que nada é eterno e que também nós, que ali vivemos, ali brincámos, ali nos sentámos a descansar ao pequeno lume de chão na chaminé, também nós, partiremos e nos desfaremos como as casas.
A Avó Amélia era ainda muito nova, a Marta tinha 5 meses e a Rita tinha 3 anos e meio.  Tinhamos levado um lanche para comermos, mas apesar do dia quente e soalheiro de Maio, não havia sitio para nos sentarmos. Os bancos que outrora ladeavam o monte estavam em derrocada... as ervas chegavam à porta da entrada,  ocupavam todos os espaços que podiam ser ocupados por nós. Sentia-se o abandono, era a falta do dono cuidadoso que quando via as ervas a crescer ia calmamente com o sacho retirá-las dos espaços que elas queriam ocupar... apetecia-me sair dali, não era aquele o espaço que estava na minha recordação, não queria viver e conviver com a destruição...