quinta-feira, 23 de maio de 2013

QUE SE LIXE A TROICA
O GRITO
Cada vez tenho mais orgulho em pertencer a esta grande família dos Falcatos. No sábado ao abrir as páginas do jornal Expresso encontrei numa fotografia do meu (nosso) querido Jorge Falcato. Este grande Falcatão que nunca desistiu de lutar por um país justo e onde todos ( pobres e remediados) devem ter um lugar de eleição, com direito à educação, à saúde e à liberdade de expressão. Desde sempre , por razões que nos estão no nosso ADN fomos contra as ditaduras, as injustiças e contra a impossibilidade de podermos gritar a nossa indignação, por sermos governados por homens ( as mulheres quase que não têm aqui expressão!!) incompetentes, corruptos e ignorantes. Homens que nos governam com ar de imbecis ( mesmo cara de imbecil como mostrou o Relvas, na TV!!) , que é tão burro que nem sequer tem a hombridade de se demitir depois de se saber como ele adquiriu o "canudo" de licenciado!!!
Estou revoltada, não fui à manifestação mas assisti emocionada em frente ao televisor aos milhares de pessoas de ar triste e angustiado que encheram o Terreiro do Paço.
Depois de me ter reformado estou como voluntária a dar aulas de Poesia e contos, na Academia Sénior de Estremoz, e uma aluna escreveu este poema que vou ter a ousadia de publicar aqui, sem ter pedido a sua autorização. As palavras que estão neste poema são aquelas que eu usaria se tivesse capacidade para escrever.



GRITO

Grito e gritarei as vezes que eu quizer
Por aqueles que têm fome e não têm pão
Grito,e gritarei quando puder
Por quem não pode suportar a solidão.
Grito, por quem sofre num leito de hospital
Sem alguém que lhe dê um carinho e atenção
Grito contra a força demoníaca do mal
Pela falta de justiça e contra a corrupção.

Grito por aquele que desfalece a lutar
E fica sem um tecto e sem abrigo
Grito, por quem os filhos não pode sustentar
E por aquele que se vê só, sem um amigo.

Grito, por aqueles que têm que emigrar
Deixando a Pátria que um dia os viu nascer
Grito porque levam o coração a sangrar
Deixando cá, os velhos pais a sofrer.

Grito, pelos idosos empurrados p’ra um lar
E vão esperando a morte em lentidão
Grito, porque em casa já não têm lugar
E o resto da vida vai ser só recordação.

Grito pelo nosso país sem solução
Pelo desemprego a pairar na sociedade
Grito, por aquele que chora com razão
Pelo ódio entre os povos, contra a desigualdade.
Grito, pela liberdade de expressão
Contra a ganância, contra a ânsia do poder
Grito, e gritarei do fundo do coração
Grito, e gritarei sempre, até morrer!

Poema de Lúcia Cóias Fevereiro 2013

AS ARGOLAS DA AVÓ BÁRBARA

As argolas da Avó Bárbara
Lembram-se das argolas da avó Bárbara???? Eram célebres.

Aí vai a receita:

ARGOLAS DA AVÓ BÁRBARA

1Kg de pão em massa
1/2 kg de açucar
2 tigelas de leite ( agora serão canecas!)
1/4l de azeite (Alentejano de preferência!!!)
1 colher (sopa)Canela em pó
Raspas da casca de 1 limão
1 colher de chá de bicarbonato
Farinha para amassar e tender

Põe-se o pão em massa num alguidar, juntam-se os ingredientes todos e vai-se amassando com farinha até tender.
Fazem-se uma torcidas com a massa e faz-se o feitio de argola. Colocam-se no tabuleiro untado de azeite e polvilhado de farinha e vão a cozer no forno.
A avó Bárbara levava as latas com as argolas ao forno de lenha da padaria, onde as argolas eram cozidas. Algum tempo depois, iam-se buscar, lourinhas e tenrinhas.
Quando vinham mornas eram deliciosas!!!.
Depois, a avó guardava-as dentro de uma grande panela de esmalte, na despensa, iluminada pela luz difusa da clarabóia, junto à cozinha e duravam para toda a semana.
Quanto mais o tempo passava, melhor ficavam.
Eram comidas ao pequeno-almoço, ao lanche e ao deitar a acompanhar o caldo de farinha que a avó fazia com todo o preceito, para que não tivesse grumos.
Quando queríamos uma argola, não a íamos buscar à panela.Pedíamos à avó Barbara: "Avó, dê-me uma argola!" e a avó, levantava-se, com toda a calma da cadeira onde estava sentada ao lume ou à camilia e com todo o vagar, dirigia-se para a despensa. Abria a porta da despensa que estava sempre fechada, dirigia-se à panela de esmalte, tirava a tampa, e dava-nos uma ( 1! ) argola! Nós tínhamos que comê-la com todo o cuidado, para não deixarmos cair migalhas, nem no chão nem no tampo da camilia." Não me sujem o chão com migalhas!!! comam devagar!!! mastiguem bem!!" e a avó continuava: "O meu pai que Deus tem, comia sempre muito devagar, até o leite mastigava!!!" e nós crianças achávamos aquilo muito estranho?!! até o leite mastigava??!!
Afinal, nos dias de hoje, em pleno século XXI, é o que os médicos dietistas e nutricionistas recomendam e aconselham - Comer muito devagar e mastigar bem...! Como a avó Bárbara diria:
" O meu pai foi sempre uma pessoa muito culta e muito inteligente! Lia muito e depois seguia os conselhos que tirava dos livros!!" Assim era o nosso bisavô João Falcato!!!
Postado por Luzazul

Quarta-feira, 10 de Outubro de 2007


A TIA MARIA FALCATA

A tia Maria Falcata era irmã do nosso bisavô João Falcato. Ficou viúva cedo e tinha um filho único, o primo Zé Velez. Corria o ano de 1910...
O rapaz era inteligente, muito dotado para as letras e depois de concluída a instrução primária aqui em Aldeia Branca, a mãe e o filho foram viver para Lisboa, para que o filho prosseguisse os seus estudos. Alugaram uma casa na Rua da Fé ou na Rua da Saudade...
Conta-se que uma vez um casal natural de Aldeia Branca, foi a Lisboa e decidiram ir visitar a tia Maria Falcata e o filho Zé Velez, mas não faziam a mais pequena ideia onde é que eles moravam. Então, estavam nos Restauradores e foram perguntar a um polícia:
"Olhe lá, oh sr guarda? o Sr. sabe onde é que mora aqui a Ti Maria Falcata?"
O polícia olhou-os com ar ´de admiração, e respondeu-lhes:
" Por acaso até sei, porque é minha vizinha, mora na Rua da Saudade, nº...! mas os senhores tiveram muita sorte, porque Lisboa é muito grande e podiam nunca conseguir encontrá-la!..."
E eles responderam-lhe, com toda a tranquilidade: " Ah, ela é uma pessoa muito conhecida lá na nossa terra!" e lá foram a caminho da Rua da Saudade visitar a tia Maria Falcata.
A minha avó Bárbara Falcato, quando tinha os seus 15 ou 16 anos, ia para casa dela passar férias. Assistiu a algumas das manifestações da Revolução do 5 de Outubro de 1910 e contava muita coisa sobre esses momentos conturbados em Lisboa...
Para a próxima, irei falar do primo Zé Velez, filho da Tia Maria Falcata, grande anti-fascista, que foi preso pela PIDE aqui em Aldeia Branca... corria o ano de 1930 e tais...
Postado por LuzAzul

O Tio Falcatão

Olá Falcatos... Falcatinhos e Falcatões...
Vamos entrar nessa... temos que esmerar-nos bastante, pois os Falcatos sempre tiveram fama de ser muito perfeccionistas, habilidosos e INTELIGENTEEEESSSSS..
Tínhamos um tio, penso que tio-bisavô que era o Juiz de fora aqui em Aldeia Branca... quando havia problemas ou conflitos entre habitantes, era o Tio Falcatão que os resolvia... era um homem de aspecto imponente, corpulento, de grande bigode e patilhas...muito respeitado por todos... O tio Falcatão usava um grande capote alentejano, castanho escuro, com um cabeção e gola de raposa, como a toga de um juiz...
Uma coisa tenho a certeza, pensando nos Falcatos que conheço, são pessoas muito bem dispostas, muito sociáveis, amigos da boa pinga ( + eles!!!) e acima de tudo muito conscientes do seu papel cívico na sociedade... grandes republicanos... alguns ou bastantes deles anti-clericais e instruídos. Quando a população de Aldeia Branca, na sua grande maioria era analfabeta, já a maior parte dos homens e das mulheres da família Falcato sabiam ler e escrever.... na perfeição. Desde pequenina que me habituei a ver em casa dos nossos avós,dos nossos tios, dos nossos primos e restante família, LIVROS; esse objecto raro, ainda hoje, na maioria dos lares do Alentejo; em casa de qualquer Falcato havia sempre livros... deve vir daí o nosso interesse pela leitura! penso que nos está intrínseco...
Postado por Luzazul

Que família especial

Não sei porquê mas sempre que estou com esta malta, fico com a cabeça a andar à roda.
Será da vinhaça ou do ambiente tresloucado?
Não sei o que é. Mas que gosto muito de estar convosco, lá isso gosto.
Vivam os Falcatos. Já os Alves...

Amiguinhos, agora é que é....

Pois foi, depois de uma experiência bloguista, decidimos num jantar (bem regado) convidar a primalhada a fazer o blogue da família.
É para contar estórias.
Que vivemos na nossa vida familiar ou não só.
Os Natais. As botinhas de lã. A oficina. Os patriarcas. A palmeira do pateo. A forja. As peles de borrego. A brazeira. E o que mais houver...
Este blogue vai ser privado. Só entra pessoal da família.
As estórinhas não se devem ficar pelos ambientes mais próximos. A família da nossa familia família nossa é.
Vamos lá a puxar pela memória e , já agora, pela imaginação.
Aqui fica o desafio a todos.

Querem ou não querem?

Vamos lá, porra!!

"OLÁ FLAUSINA!"

"OLÁ FLAUSINA!"

Minha querida Rosa Albardeira, o teu texto mostra uma parte do teu querido avô Aníbal e tio Anibal da maior parte de nós.
Desde que colaboro no blog, que penso em escrever sobre o Tio Aníbal, mas ele é uma personagem tão rica, tão completa, de quem tenho tantos episódios para contar, que andava a adiar... hoje quando li o teu texto, decidi-me...
Eu tinha 12 anos quando saí do aconchego da casa de meus pais, o Vitalino e a Amélia, e fui estudar para o Colégio do Sr. Mota, em Estremoz.
Nunca gostei do colégio... mas aqueles 2 anos em Estremoz, marcaram para sempre a minha personalidade e a minha maneira de ser... aquilo que sou hoje, tem muitas das raízes nesses anos em Estremoz.
Desde muito pequena que adorava ler, então a Livraria do Tio Aníbal era local obrigatório para a compra de livros, que eu devorava... livros de prazer... não de estudo!...
Com 12 anos, eu já tinha a altura que tenho hoje, era muito desenvolvida física e psicologicamente e considerava-me uma "mulherzinha"...
Gostava de vestir roupas que muitas vezes ainda não eram as mais adequadas para a minha idade, comprava as "sabrinas" no Sr. Joaquim Miguel, que às vezes só me duravam um mês! ( quando dizia à minha mãe que precisava de outras, ela ficava aflita, pois não havia calçado que me durasse!) Pudera!!!! fazia A PÉ!!!!!! 4 trajectos diários entre o Bairro de Stº António e o Colégio de S. Joaquim ( actual Escola Sebastião da Gama). Nunca me dei ao trabalho de ver quantos quilómetros distam do Bairro ao Colégio, sei apenas que não havia sapatos que me durassem...
Eu era completamente diferente da Aurita ou de outras colegas minhas do colégio. Enquanto elas ainda se vestiam como umas meninas, com as roupas escolhidas pelas "mãezinhas", muito infantis, ainda de soquettes! a minha maneira de vestir era igual à de uma adolescente que vivesse numa grande cidade... por isso eu destoava...!
Evoluída demais para aquela época e a viver numa cidade do interior e provinciana como era Estremoz, na época, eu sonhava poder viver numa grande cidade... adorava o Rock n'Roll, James Dean, Natalie Wood, West Side Story, etc., etc... vestia saias rodadas, blusas cintadas, cinto muito apertado na cintura, fita no cabelo, sabrinas... óculos "à gata", era muito descontraída e bem disposta... entrava na papelaria e a primeira coisa que o tio Aníbal me dizia era: " Olá Flausina!!!", "Flausina o que queres hoje?..." e Flausina foi sempre o nome que ele me deu até que se despediu de nós... para ele eu fui sempre " a Flausina"... "a Flausina" irreverente dos finais dos anos 50...
Querem saber o que quer dizer "Flausina"? Este termo, hoje, caiu em desuso... mas nos anos 50 e 60 era muito utilizado ... pesquisem....
Luzazul


O PRIMO ZÉ VELEZ
Há dias falei na Ti Maria Falcata, que foi viver para Lisboa, para a Rua da Caridade com o seu filho Zé Velez, que foi estudar medicina.
Ora bem... hoje vou falar do primo Zé Velez...
Apesar de não o ter conhecido e talvez até haver "Falcatos" que estejam mais informados do que eu, vou contar aquilo que desde miúda me foi contado...
O primo Zé Velez era um rapaz muito inteligente, bem parecido, alto e elegante. Muito jovem foi com a mãe, que já era viúva, estudar para Lisboa. Aqui em Aldeia Branca, tinham uma vida boa, viviam dos rendimentos das terras que tinham.
O Primo Zé Velez como um Falcato que se preze, quando chegou a Lisboa, governava Salazar... o déspota e facista que alguns de nós ainda conhecemos...
O primo Zé Veles, como anti-fascista, consciente do governo de ditadura que Salazar estava a impor aos portugueses, e como estudante universitário de medicina, José Velez, não podia ficar indiferente a tanto autoritarismo, a tanta censura, a tanta repressão... o Tarrafal já existia e os presos políticos do Aljube enchiam as celas... então começou a falar nos cafés e não sei onde mais...
Sei que, uma noite, estava ele de férias em Aldeia Branca em casa da mãe, quando um jipe negro, com 3 ou 4 homens possantes, vestidos de gabardine e de chapéu preto enfiado na cabeça, parou à porta da casa e um deles perguntou à miúda que lhes veio abrir a porta, e que trabalhava lá em casa desde muito pequena, a Srª Joaquina Traquinas se era ali que morava o Sr. José Falcato Velez?!
Ela, muito aflita veio dizer à Ti Maria Falcata que estavam ali uns homens com muito mau aspecto a perguntarem pelo Sr. Zé Velez. Perceberam logo que era o jipe da PIDE que o vinha buscar para interrogatórios...
O Primo Zé Velez apareceu à porta, disse que era o próprio e imediatamente, os PIDES o meteram dentro do jipe... a mãe não fazia ideia para onde o levavam...
Contou-me a irmã da Srª Joaquina Traquinas, que a mãe chorava alto, lamentando a sorte do filho... aquilo parecia um funeral... e na verdade... apesar de não o terem morto, a polícia política fez dele um homem inutilizado, sem objectivos na vida...
Foi interrogado, maltratado, sujeito a torturas terríveis e preso ...
Penso que ficou preso muitos anos, talvez um 15 ou 20 anos... entretanto a mãe começou a vender os bens que possuía, e morreu de desgosto.
Ele nunca mais voltou a Aldeia Branca. Ficou lá por Lisboa... durante muitos anos trabalhou num café ( não me recordo o nome) na Rua 1º de Dezembro, como encarregado dos bilhares... o ti Jacinto é que deve saber mais da vida deste homem, que a PIDE transformou num farrapo e num autómato...
Quem souber mais sobre este grande anti-fascista dê aqui o seu contributo...
Luzazul

"D. DOMINGAS MAIS UM BOCADINHO DE PÃO, SFF!"

Houve uma altura em que a tia Natália, o Henrique e a Aurita foram para Lisboa, penso que cada um andava a tirar a sua licenciatura. Como o Ti Patrocínio não tinha lá emprego, ficou cá em Estremoz a trabalhar na Oficina e ia fazer as refeições a casa da Tia Domingas.
Então sentavam-se à camília e o cesto do pão ficava junto da Tia Domingas.
Quando o Ti Patrocínio necessitava de mais pão, pedia à Tia Domingas: " D. Domingas, um bocadinho de pão, sff.!" e a Tia Domingas passava-lhe o cesto para ele tirar uma fatia de pão. E o cesto voltava para junto dela.
Depois quando o Ti Patrocínio acabava aquela fatia, voltava a pedir mais pão... e esta cena repetia-se 5 ou 6 vezes durante uma refeição.
Ainda hoje, quando estamos sentados à mesa, e o pão está longe de nós e perto de outra pessoa, dizemos-lhe, na brincadeira: " D. Domingas, uma fatia de pão SFF!"
É rara a refeição em que não falamos do Ti Patrocínio e da Ti Domingas, por causa do pão!!!
"D. Domingas, mais uma fatia de pão, SFF...!"
Luzazul

Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007


o tio da secção de peças

Na oficina havia a secção de peças trabalhava lá o tio Patrocinio e o Zéquinha, o tio Patrocionio pra quem não se lembra era um homem pequeno que falava muito rápido e com uma voz aguda , era o inventor da família,eu e o João Carlos gostávamos muito de ir a casa do tio Patrocinio,havia no quintal um um ouriço cacheiro que estava sempre constipado, espirrava mesmo,porque só desfazia a bola de espinhos quando levava uma mangueirada de água fria, e o Henrique estava sempre a dar-lhe com água pra o vermos correr,coitado do ouriço espirrava o dia inteiro.
Uma vez o tio Patrocinio construiu uma máquina de projectar filmes de 35 mm, feita com peças de automóveis e sei lá mais o que,foi a família toda ver a 1ª projecção lá a casa, umas pontas de filmes coladas com fita cola oferecidas pelo projeccionista do teatro Bernardin Ribeiro, cada um levou a sua cadeira, e era uma sala cheia de gente, a máquina pegou fogo logo nas primeiras imagens e foi a debandada geral e a sala cheia de fumo.
O tio Patrocinio tinha a maior colecção de Mecânicas Populares que já alguma vez vi, todas encadrenadas em carneira e muito bem arrumadinhas na estante , eu e o João íamos muitas vezes pra lá ver as ditas, só não íamos mais vezes porque o tio insistia em nos explicar o funcionamento dos motores de turbina ( nós tínhamos 8 ou 9 anos) o tio como vcs se lembram comia de costas pra televisão e via no reflexo do espelho do armario em frente, nunca sabíamos onde podíamos estar naquela sala,estava sempre alguém em frente á televisão ou do reflexo ,limpava meticulosamente os talheres tanto em casa como no restaurante, mas o que eu gostava mais nele era o carro,tinha um Ford muito antigo talvez T ou lá perto,tive o prazer de fazer algumas viagens nesse automóvel... era uma aventura,conduzia com o nariz bem colado ao volante,e com uma atenção tal á estrada que quem ia ao lado é que tinha de lhe dizer os sinais de transito , eu vou a conduzir, vcs que vão ai sem fazer nada é que têm que me dizer se é sentido proibido....o carro era tão antigo que não tinha limpa para brisas, havia um limpa parabrisas dentro do porta luvas que o tio montava quando chovia ,( mais uma invenção dele) tinha que sair do carro, aparafusar o motor com a escova no exterior,fazer passar o cabo de alimentação para o interior do carro por um pequeno furo na carroçaria.....agora imaginem fazer isto tudo á chuva,quem vinha no banco de traz tinha dois fardos de jornais atados,porque as rodas roçavam na carroçaria e a chapa por dentro ficava tão quente que queimava, os fardos serviam pra proteger as nalgas dos que ficavam perto das janelas.
Era um inventor dizia-se até que tinha registado patente de um invento dele, mas acho que eram só boatos, apesar de haver lá em casa uma caixa com muitos botões e e alguns mostradores de agulha que ninguem sabia pra que servia.

e um Forumzinho? hein?

Malta Falcata,
isto do blog não me anda a parecer muito prático. Tenho de andar aqui para cima e para baixo a ver o que há de novo, nos comentários e tal, e depois já não sei o que já li, e abro coisas vezes sem conta...bem, enfim...
Pode ser só de mim, mas acho que um fórum dava mais jeito. Assim toda a gente recebia email a avisar quando houvesse qualquer novidade, e ao entrar no fórum também há maneira de ver quais as novas mensagens. Que vos parece? Se quiserem eu trato disso, é só avisar!

Bêjos

Terça-feira, 16 de Outubro de 2007


COMO É QUE OUTROS FALCATOS ACEDEM AO BLOG????

Tenho feito alguma publicidade ao blog dos Falcatos a outros Falcatos espalhados por este Portugal e não só... mas eles ficam muito tristes e decepcionados pois precisam de uma palavra passe para entrar.
Como podem eles aceder ao blog? com quem precisam de comunicar??
São estas pequenas e grandes coisas que eu não consigo ainda deslindar nos grandes segredos da informática!!!!
Vamos nessa das fotos!!!
Afinal se há texto tem que haver uma "entidade" que o realizou... os Falcatos têm sido e são muita coisa... mas fantasmas parece que ainda não conseguimos ser!!! ou já há algum Falcato fantasma????
Luz Azul

Domingo, 14 de Outubro de 2007


primos e primas

Foi por bom comportamento que tive que sair do colégio de São Joaquim em Estremoz e tive que ir estudar para Avis.
Fiquei em casa da minha tia Tita em Casa Branca 2 anos.
Foi Nessa altura que conheci as Sabinas, o Chico Maria, o Tónho Damaso,o João do Mouchão, tambem conheci o Cabeça e a Joana Goucha, o Manel Sarilhos, o Cheiró Bicho, o Gavetinha, o Larga a Manta,o Catálogo, e muitos outros que não me lembro o nome... e todos me chamavam primo,só os Ceguinhos é que não.
Na casa branca... quem tem um olho é Falcato

Ai queres fotos? Então toma lá!



falcatos

Do falcato imediatamente anterior a mim lembro-me de muita coisa, como é obvio, mas lembro-me que desenhava as alfaias assim quase que como por acaso, ali num papel qualquer, muitas vezes na ponta de um jornal, de tal forma que só muito mais tarde é que tomei consciência que foram daqueles pedaços de papel que nasceram as tais alfaias verdes que ainda muito de vez em quando me cruzo com uma e que quem as tem diz: desta não me desfaço, já não há…...
Pois não e é pena! Nem aquelas pequeninas (as miniaturas) que estavam lá no escritório do ti dâmaso, (o outro era do ti jacinto) e que eu gooooostava tanto de ter ficado com elas….
Esta era uma das facetas deste Falcato, homem de poucas conversas (seria por ser surdo?, ou talvez não, talvez por ser Falcato) mas que como os outros adorava estar rodeado de gente – família para ele vivia em colmeia.
E fico-me por aqui, desta vez. Saudações falcatenses.

O BISAVÔ JOÃO FALCATO

O bisavô João Falcato era casado com a nossa bisavó Leonarda Rita Capela.
Contava a avó Bárbara que era um homem muito bom; de forte personalidade, de bom carácter, íntegro e recto. Foi também Juíz de Fora durante alguns anos aqui na Aldeia Branca.
Foi um bom marido, bom pai e era muito trabalhador. Naquele tempo ( e ainda hoje!) , os homens para mostrarem a sua superioridade masculina batiam, frequentemente, na mulher e nos filhos. Em casa dos nossos bisavós nunca houve agressividade, nem conflitos. O nosso bisavô era um homem muito calmo, muito respeitador e muito respeitado por todos. Sabia ler e escrever. A minha mãe recorda-se de o ver, sentado ao lume a ler ou a escrever, quando ia visitá-los à sua casa, na Rua de Avis, onde sempre moraram.
Era um homem "esclarecido", culto e que gostava de contar com muito interesse, a última notícia ou a última "estória" que tinha acabado de ler... a quem estivesse por perto.
Não era casado pela Igreja, nem a frequentava. Era anti-clerical, contudo, nunca proíbiu os filhos de frequentarem a igreja.
A minha mãe era uma jovem adolescente dos seus 13 ou 14 anos, e ia às procissões que se realizavam na aldeia. A imagem do avô João Falcato à porta da sua casa, alto e magro iluminado pela luz difusa da candeia de azeite, está ainda bem presente na sua memória.
O avô João Falcato tirava o chapéu, abria a porta da casa e colocava-se entre os portados; uma mão ficava apoiada na ombreira da porta, enquanto que na outra mão segurava uma candeia de azeite, que ele levantava bem alto, e que alumiava a sua figura, durante todo o tempo que a procissão levava a passar e a desaparecer ao fundo da rua.
A sua postura respeitosa perante a cerimónia religiosa que decorria, deixava a minha mãe muito vaidosa pelo avô que tinha, pois sabia que este não era católico, mas apesar disso, abria a porta de sua casa e ficava com a candeia a alumiar a procissão!

OH FILHOS, ATÉ VOU BEM DE MAIS!!!

Mais uma pequena "estória" da avó Rita...

Contava a avó Bárbara e agora, frequentemente, conta-me a minha mãe...

A avó Rita tinha um feitio muito bom, era muito meiga, era uma pessoa que estava sempre tudo bem para ela, não era exigente... nem refilona.

Um dia, iam no carro de parelhas para o campo.

Naquele tempo, a carroça puxada por mulas era o meio de transporte usado pelas pessoas para se deslocarem para o trabalho, para as romarias, para as feiras das aldeias mais perto.

As carroças não eram muito grandes. Na parte da frente, numa tábua à largura da carroça sentava-se o "condutor"e mais alguém ao seu lado. Atrás punham-se 2 ou 3 cadeiras ou mochos de buinho para os viajantes se sentarem, podiam ir cerca de 3ou 4 pessoas. As pessoas foram subindo para a carroça e esta já estava quase cheia. Então, ainda faltava sentar-se a avó Rita, que teve que se sentar na pontinha de um mocho, muito apertada entre o taipal. Não ia nada confortável!!!

Então, alguém lhe disse: " Oh, Rita! tu vais aí muito mal!! temo-nos que nos apertar mais um pouco, porque tu aí vais muito apertada!!!

E a avó Rita, muito prontamente, respondeu: " Não, não! Vou muito bem aqui! Oh filhos, até vou bem de mais!!!".

Ainda hoje, quando vamos no assento de trás de um automóvel, e vamos muito apertados, dizemos como a nossa bisavó Rita: " Oh, até vou bem de mais!!!"

Também nós, preferimos ir mais apertados, mas na companhia de todos...

A NOSSA BISAVÓ RITA

A nossa bisavó Leonarda Rita Capela, a quem todos chamavam de Ti Rita era a mãe da avó Domingas, da avó Bárbara, do Tio Júlio e do Tio Zé da Rita ( o tio Zé da Rita sempre foi conhecido por este nome, aqui em Aldeia Branca e em todo o lado, por ser filho da avó Rita!)
Não sei ao certo, mas deve ter nascido por volta de 1845 +/-... Calculo que seja essa a data aproximada, pois, quando eu nasci, em 1948, a avó Rita era uma velhinha de 8o e muitos anos, já viúva, ainda bastante lúcida, mas que andava muito "enroladinha", há fotografias dela onde se vê que a sua coluna faz um ângulo de 90º!... Então, no dia do meu baptizado, a avó Rita caiu no quintal da casa dos meus pais, onde decorria a festa do meu baptizado. O Zé António Falcato, com 4 anos de idade, filho do primo Constantino Falcato, "o homem das gargalhadas!", veio para dentro de casa, a gritar que a avó velhinha estava caída no quintal.
Todos foram a correr, muito aflitos para a ajudarem a levantar.
A avó Rita sempre se preocupou muito em não incomodar os outros, então quando chegaram ao pé dela, ela dizia com um ar muito feliz:
" Oh filhos!!! eu estou bem!!! não se aflijam!!! só não consigo é levantar-me do chão!!" e o sorriso na sua boca não desapareceu... ajudaram-na a levantar e todos estavam muito preocupados... mas felizmente, a queda não teve consequências e lá continuou a festa...
Ainda hoje, 59 anos passados, se fala da queda da avó Rita no dia do meu baptizado... assim são os Falcatos... saudosos, meigos, preocupados e sempre prontos para manter "ad eternum" uma pequena "estória" !

Bacalhau de óli óli

São 2:10 e eu ainda não tenho almoço nem vontade de pensar nisso, quanto mais de fazê-lo...
Talvez por isso, lembrei-me de uma receita que sempre ouvi dizer que era da Casa Branca (terra dos Falcatos mais velhos), e que se fazia em casa das nossas avós (Domingas e Bárbara). É o famoso bacalhau de óli óli e é assim:

põe-se a assar em carvão postas de bacalhau demolhadas. Depois de assadas, põem-se numa tigela, esfarrapam-se grosseiramente, deita-se por cima alhos crus cortados em rodelinhas, laranja descascada e cortada grosseiramente e rega-se com bastante azeite. E depois... come-se regado com um bom vinho alentejano. Ah! e convém ter pão alentejano para ir molhando naquela misturada.
É de comer e chorar por mais!! Experimentem!

Sábado, 13 de Outubro de 2007


Tinto ..branco... ou rosê?

A família tinha uma empresa a que todos chamávamos ...oficina...
Construía alfaias agriculas, tinha bombas de gasolina, garagem, bate chapas,e pintura.
Era uma empresa familiar, e começou com o avô Zé Alves como ferreiro, talvez com o bisavô...ou trisavô..
na secção de bate chapas tinha como chefe um sr que se chamava Lenine da Rocha ... o que em 1968 no mínimo era estranho...na secção de pintura, tinha o amigo Nanitas pintor dos antigos, daqueles que limpava o carro á chapa antes de pintar.
Outra coisa que a minha família tinha ,eram os primos, mais que as mães, nessa altura a minha avó tinha 55 netos e bisnetos, a maioria vivia no Alentejo, mas também haviam os de Lisboa... que vinham nas férias ao Alentejo, e até gostavam.
Uma vez um desses primos até levou uma motorizada, (uma acelera) para usar durante as férias.
No fim das férias, levou a mota ao amigo Nanitas ( o pintor ) e pediu-lhe que pintasse a moto, que cor ? cor de vinho, e não tenha pressa que eu só volto aqui nas próximas férias por isso tem um ano para a pintar.
Vai lá pra Lisboa estudar .. e fica descansado que no próximo Agosto tens a moto pintada...
Passou-se um ano... e na volta a mota não estava pintada, porque?
Falta de informação, o pintor não sabia se a cor de vinho era tinto...branco...rosê...
Quem era o dono da moto?

Sexta-feira, 12 de Outubro de 2007


Por enquanto não dá...

Pessoal

Ando cheio de blogagem
Meti-me num movimento com um nome esquisito.
Não dá para postar estórias.
Mas aproveito para lhes pedir a divulgação do outro blogue.
http://mtpd.blogspot.com
É para chatear o governo.
Já é uma razão para divulgarem, não?

Prontos. Já está!




O PRIMO ZÉ VELEZ

SSSHHHH!!!    (texto de Jacinto Falcato Varela)
Uma vez, fui com o João Falcato ao café onde o primo Zé Velez trabalhava, desde que tinha saído da prisão. Entrámos pelo café, até à sala dos bilhares, onde ele estava e onde trocamos fortes abraços. Não nos víamos havia muitos anos, daí o entusiasmo daquele encontro, reforçado pelo desejo de saber pormenores da sua passagem pelas cadeias da PIDE e pela necessidade de lhe demonstrarmos as nossas admiração e solidariedade.
Depois dos abraços, conversamos um pouco:
-Então, aqueles sacanas... iam acabando consigo?! - abrimos assim a conversa.
-Ssshhhh!!! - com o dedo discretamente no nariz e os olhos a sair das órbitas de tanto rodar à volta da sala, o primo Zé Velez, parecia não querer falar do assunto.
-Então, anda melhor? - perguntamos - Aquilo não são coisas que se façam a uma pessoa!! - dissemos indignados.
-SSSHHHH!!! - voltava o primo Zé Velez, em voz muito baixo, mas com tanta veemência que percebemos claramente o que ele queria: calámo-nos! - Aqueles dois ali são da PIDE! - disse-nos ao ouvido.
Ainda estávamos no tempo do Salazar (penso que o primo Zé Velez terá morrido ainda nesse tempo): antes de se falar - mesmo de assuntos de menor importância - era preciso ver quem estava por perto.
Mas aquele nosso primo tinha ainda mais razões para ter cuidado e não falar: tinha saído há pouco tempo da prisão, tinha sido muito maltratado e ficou definitivamente traumatizado. Sabe-se que algumas das torturas que lhe fizeram constavam de espetar coisas nos sabugos das unhas (por debaixo das unhas)!
Para os Falcatos mais novos - este homem foi preso apenas porque pensava de forma diferente do governo de então (chefiado pelo Salazar), o qual, a quem ousasse expressar as suas ideias mandava prender, torturar e mesmo matar, sem o mínimo pudor ou complacência.